quinta-feira, 23 de setembro de 2010

SOBRE ESCREVER ROTEIRO

Esta é um contribuição do ex-aluno de Roteiro, Lincoln Péricles.

1. INT. APRESENTAÇÃO - NOITE
LINCOLN PÉRICLES, jovem de 20 anos e com violentas olheiras. Entra no quarto bagunçado, senta-se na cadeirinha velha em frente ao computador. Ele afasta os DVDs da cama e pega uma bala 7belo que se perdia ali no meio da bagunça, abre o plástico e joga a balinha na boca. Ele liga o computador. Enquanto espera o Windows iniciar, mastiga sua bala violentamente até ela se dissolver completamente em sua boca. Ela se dissolve antes que o seu meigo papel de parede apareça (O Papel de parede é uma cena do filme “O Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças”). Ele abre o Word e começa a esboçar algumas palavras:
                “SOBRE ESCREVER ROTEIRO
                   1. “INT”. “APRESENTAÇÃO – NOITE...”
Ofereci-me ao professor Mancuso para escrever nesse blog, achei a idéia legal, afinal já fui aluno dele e atualmente escrevo roteiros profissionalmente.
Vai, a idéia é boa, num é?
De inicio, vou dizer que a missão do Mancuso é dura. É IMPOSSÍVEL dar uma geral em “como escrever roteiro” em apenas um semestre, com uma aula por semana. E o Mancuso não é o Tom Cruise.
Escrever roteiro é um cálculo detalhista, é o processo de virar Deus e estar onisciente, onipresente e onipotente. É um estudo. Um PUTA estudo.
Todo mundo pode escrever roteiro. Ser bom no que faz é outra história.
Ouso dizer que roteirizar é como cozinhar, tem um livro de receitas e pimba, num segundo você é o rei do mundo, O Mestre Cuca, mas quando serve a comida e daí? Cadê “aquela coisa”? ... Todos comeram (leram), legal, ok, mas... tá só ok.
Treinar a escrita é imprescindível, mostrar pros outros, saber ouvir opiniões, saber filtrar as opiniões, ter consciência das coisas que escreve e total controle sobre o que quer dizer, o que quer mostrar, isso tudo é de uma importância inimaginável, é como um exercício muscular, é ter paciência, acho que nunca ninguém na vida ouviu isso o que eu vou dizer: Ninguém nasceu sabendo.
       2. INT. FINAL- NOITE
Lincoln ouve estranhamente um SOM DE BATERIA, como naqueles shows de comédia quando alguém faz uma piada sem graça.
Bom, espero ter dado uma pequena clareza na parte mais técnica (parruda) de escrever roteiro, se rolar eu escrevo mais vezes aqui, prometo mais devaneios e ser menos chato do que dessa vez (prometo nada), e a vocês gênios, artistas, românticos: legal. J
Quem quiser dizer, perguntar alguma coisa me encontra por aqui:
Orkut: É coisa de pobre.
Tchau. Até a próxima!

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Simplesmente complicado! - Critíca do filme! (contém spoilers)




Olá, pessoal.
Neste clima de feriadão, peguei uma filme para assistir com minha esposa, que a princípio parecia mais uma comédia água-com-açúcar típica de Hollywood, porém demonstrou ser um filme sensacional com ótimas sacadas para nossas aulas de roteiro.
O filme em questão se chama Simplesmente complicado (It's Complicated, EUA, 2010), com roteiro e direção de Nancy Meyers e estrelado por Alec Baldwin, Meryl Streep e Steve Martin.
Abaixo a sinopse, copiada do site www.adorocinema.com.br :
"Jane (Meryl Streep) é mãe de três filhos e mantém uma relação amigável com Jake (Alec Baldwin), seu ex-marido, de quem se separou há dez anos. Quando eles se encontram para a formatura de um dos filhos, fora da cidade, surge um clima e eles passam a ter um caso. Só que Jake é agora casado com Agness (Lake Bell), o que faz com que Jane torne-se sua amante. Paralelamente, Adam (Steve Martin) entra na vida de Jane. Ele é um arquiteto contratado para remodelar a casa de Jane e, aos poucos, se apaixona por ela."
Analisando o roteiro deste filme, conseguimos linkar vários pontos discutidos em aula.
Antes de continuar, volto a advertir que abordarei pontos do filme e entregarei o final, por isso, se não quiser "estragar" a surpresa, veja primeiro e leia depois...rerererere.
Vamos lá:
Ideia - O filme aborda os temas divórcio e relacionamentos. Gira em torno de mostrar alguns caminhos quando se acaba um casamento, consequencias e envolvimentos de um relacionamento e a influência destes acontecimentos sobre os filhos. As ideias são discutidas de forma sutil, ao longo do filme, sem querer "doutrinar" o expectador traçando juízos de valor. Mas com certeza te faz refletir, tanto se passou por isso ou não.

Personagens - O ponto alto do filme são os personagens. Muito bem construídos e que apresentam um evolução natural diante dos conflitos que aparecem em suas vidas. Com certeza, a direção precisa de Nancy Meyers bem como a excelente escolha de elenco ajuda muito. Vamos analisar os personagens principais e como eles evoluem durante o filme.
  • Jane Adler (Meryl Streep) - Jane é uma mulher divorciada há dez anos que busca superar o desgaste e os traumas de seu divórcio além da partida dos filhos que saem de casa para viverem suas vidas. Ela se sente solitária, mas quer sair dessa situação, buscando um novo amor. Em compensação, após o divórcio, conseguiu reconstruir sua vida abrindo um negócio próspero, combinar encontros com as amigas, cuidando de casa e do corpo e sendo uma mulher bastante ativa. Porém, novamente, sente falta de um companheiro para preencher sua vida. Quando se envolve, por impulso, com seu ex-marido infiel e novamente casado, Jake Adler (Alec Baldwin) que parece nunca te-la esquecido, vive uma experiência nova ao ver-se no papel de amante e comandando a situação. Isso a faz soltar-se mais, sentido o gosto proibido (ela chegar a fumar maconha na festa de formatura do filho), nos encontros escondidos, transas inusitadas e ter certo poder sobre Jake, e talvez uma certa vingança contra a mulher mais jovem que lhe roubou o marido. Com o tempo, Jane entende que ela mudou e que ser amante, ter encontros desmacardos por que a esposa mudou de planos, poder ver seu homem apenas quando este consegue alguma desculpa, etc. é muito pouco, e talvez até um atraso de vida. Ela se dá conta que mudou bastante, que evoluiu e superou o divórcio, e que hoje deseja mais, representado no amor que começa a brotar entre ela e o sensível arquiteto Adan (Steve Martin). Por isso, no fim opta por um novo amor do que ficar com seu ex-marido.
  • Jake Adler - Jake é uma homem bastante charmoso e sedutor. Trocou sua mulher Jane por uma moça bem mais nova e bonita, Agness, que era sua amante e tornou-se sua esposa. Após dez anos, ainda gosta de sua ex-esposa e , quando seu casamento atual cai numa rotina que lhe inflige todo tipo de pressões (cuidar do enteado, fruto de um caso extra conjugal da esposa, de 5 anos, ter de trabalhar cada vez mais para dar o sustento a esposa e participar de um programa de fertilização artificial para ter outro filho), se sente novamente atraído pela "nova" Jane. Após um jantar no hotel que estão para a formatura do filho mais novo, Jack e Jane trasam e iniciam um caso. Para Jake, é reviver os bons tempos, encontrar um novo estímulo diante do tédio que se tornou seu casamento. Ele insite em achar-se irresistível e dono da situação (no que Jane o ajuda no início). Contudo, ao se deparar com Adam, o arquiteto que se encanta por Jane, fica enciumado e sente a ameaça, tentando menospreza-lo. Mas Adam ganha terreno assim mesmo pois tem a oferecer mais do que Jake. Jake, na verdade, repete os mesmos comportamentos de quando era marido de Jane e a traiu com Agness. Ele, no fundo, é um homem inseguro que tenta se auto afirmar pelas conquistas amorosas. Outro aspecto, é que Jake quer retomar a vida que tinha, junto da ex-esposa e dos filhos, mas deprime-se quando nota não fazer mais parte deste círculo pela vida que optou ter. Quando perde para Adam, o escolhido de Jane, fica arrasado, ainda mais porque sua atual descobre seu romance o põe pra fora. Desesperado, vai para casa de Jane usando chantagem emocional e faz uma última e desesperada tentativa, no momento mais cômico
  • Adam (Steve Martin) - Adam é um personagem chave na história, pois, assim como Jane, foi traído e abandonado em seu casamento e luta para superar o divórcio. É um homem atencioso, gentil e sensível diferente de Jake que tenta demostrar sua macheza em qualquer oportunidade. Se interessa bastante por Jane, buscando conquista-la, mas sempre com muita insegurança devido aos traumas anteriores. Quando se vê perto de seu objetivo, descobre que Jane teve um caso com Jake. Compreensivo, não a julga, mas se afasta para que esta decida o que quer fazer de sua vida. Jane opta pelo novo relacionamento com Adam, uma vida nova mais de acordo com sua evolução e no final eles acabam juntos.
A relação entre os personagens principais é bem fluída e bem construída ao longo do roteiro conseguindo apresentar todos os pontos que a escritora se propõe a abordar. O roteiro, alias, é muito bem construído, com um conflito claro e reviravoltas leves que não desnorteiam o expectador, chegando a uma resolução plausível, mas nem por isso óbvia.
O filme também alterna momentos de humor com momentos dramáticos em um contraponto extremamente afinado. A cena de preparação do clímax é hilária, engraçadíssima, capturando o público para a dramaticidade do clímax.
Outro destaque, é o andamento do filme que apresenta os personagens e conflitos com grande maestria e sutileza, sem ser didático ou forçado. Reparem que os 20 minutos inicias apresenta totalmente os personagens principais e você começa a entender a história que irá se desenrolar daí então.
Finalizando, são duas horas bastante agradavéis e um excelente exemplo de roteiro, referência já obrigatória para quem quer aprender a escrever.
abraços

domingo, 5 de setembro de 2010

Outro exemplo de ideia em publicidade

Pessoal, segue uma contribuição do Mario Celso (Paraiso) sobre ideia e trama em uma comercial de TV da folha. O comercial é bastante inteligente na concepção e apela para o humor para levar a mensagem.
Comentem !
abs