quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Após a mudança de roteiro, o verdadeiro caminho rumo ao fim

Olá. pessoal.
Quem me conhecesse sabe que sou fã de carteirinha da série Supernatural, a série de terror que gira em torno dos irmãos Dean (Jensen Ackles) e Sam Winchester (Jared Padalecki ).
Acompanhei as primeiras 5 temporadas (segundo o produtor e criador Eric Kripke, o planejado desde o ínicio) nas quais vimos diversas reviravoltas, mortes e ressurreições, idas e vindas ao inferno, monstros dos mais variados tipos e, no final, até um complô de anjos. Elementos mais que suficientes para que está série fosse uma das coisas mais bizarras e rídiculas da TV, digno de um Scooby-doo.
Entretanto, o que vimos foi uma série extremamente bem planejada e conduzida apoiada em um plot familiar complexo e atual.

Hah, engana-se quem pensa que está série fala de demônios e anjos ou sobre o fim do mundo. Não, ela  fala sobre a relação de dois irmãos que cresceram sem a mãe e com um pai militarmente severo e obsecado por vingança, buscando o mesmo que todo mundo: um sentido a sua existência.
Este modo de encarar a série faz com que ela tenha sentido em sua totalidade (as primeiras 5 temporadas) e tendo seu apíce na quinta e última temporada, no qual o drama do juízo final resume-se ao conflito de dois irmãos (Lúcifer e Miguel) sem mãe e filhos de uma pai severo e ausente (Deus??) e que encontra perfeita sintonia no drama dos Winchester. Algo como uma sincronia irônica da vida, mas que não deixa a série piegas ou chata.
O episódio de fechamento da quinta temporada, iniciado a partir da história do carro, um dos principais coadjuvantes da série, está, na minha opinião, entre os melhores episódios de série que vi até hoje.
Contudo, como nem tudo são flores, os executivos da Warner, excitados pelo sucesso, resolveram fazer uma sexta-temporada...

Vejam bem, a quinta temporada fecha com Sam indo para o inferno, levando junto Lúcifer, e Dean abandonando as caçadas e indo viver com Lisa - isso se você interromper faltando 3 minutos para o final.
A pedido (ou ordem?) da Warner, Eric Kripke alterou alguns "detalhes" do roteiro da quinta temporada como forma de criar ganchos para a continuação, saindo do projeto logo após o término de sua história inicial.
Na sexta temporada, á com uma nova equipe e sem Eric, passou-se um ano e Sam está de volta do inferno (ninguém sabe como), junto com o avô e alguns parentes desconhecidos, todos mortos. Eles continuam caçando e acabam convencendo o desconfiado Dean a juntar-se a eles. No terceiro episódio, Castiel retorna também denunciando uma conspiração angelical (isso mesmo que você leu) liderada por Rafael para... adivinhem só: trazer o fim do mundo, o Apocalipse. Assim, resta aos dois irmãos resolverem a situação e, no meio tempo, caçar diversas assombrações.
A premissa não é exatamente nova e a série nunca se destacou pela originalidade (quem conhece histórias de monstros, vampiros, demônios e anjos está careca de ver essas conspirações biblicas) mas o fato que, após assistir os primeiros episódios, tive a nítida impressão que algo fundamental parecia ter ser perdido: a quimica entre os irmãos Winchester o plot familiar que sempre marcou a série.
Após cinco temporadas, tendo se passado um ano de uma temporada a outra, os personagens parecem não ter mudado em nada. Dean continua infeliz, desconfiado, depresivo e sarcástico, enquanto Sam continua impulsivo e ambiguo. Temos as mesmas discussões e as mesmas incertezas marcam os personagens, de modo que soem caricatas e forçadas após tanto repertir-se. Um ano como pai de família, como um cidadão comum não mudaram em nada Dean? Nem o modo de se vestir? E Sam? E Bobby (Jim Beaver), com o mesmo boné, a mesma jaqueta sem mangas e a mesma barba grisalha?
Os problemas que parecem surgir nesta nova temporada de Supernatural é um clássico caso de roteiristas que assumem um projeto já estabelecido e que não entendem a dinâmica, o conceito criativo dos personagens e da série em sua macro estrutura. Pegam o perfil inicial do personagem e  repetem em histórias e mais histórias, desconsiderando que os personagens, como qualquer ser humano, podem mudar (em hábitos, convicções, jeitos, etc).

É a mesma sindrôme que afeta as HQs americanas cujos personagens pouco evoluem e ficam presos sempre aos mesmo conflitos, em histórias repetitivas e cansativas.
Pegar um personagem clássico e revitaliza-lo, remodela-lo ou simplesmente criar uma no epopéia para ele é um tarefa delicada, algo que pede que se comece do zero no processo criativo, pensando na idéia, na trama e, principalmente no personagem. A sexta temporada pega os irmãos após um ano do quase Apocalipse, no qual um virou um senhor de família e outro voltou do Inferno (levando o próprio capeta). Não dá para simplesmente pegar as velhas jaquetas, as velhas armas, o diário e emblemático Chevrolet Impala 1957 e voltar ao modelo inicial, o que se justifica quase sempre como "pegamos aquilo que os fãs gostam".
Me chamem de chato ou ranzinza, mas acho que agora o fim do mundo finalmente leva os irmãos. Da minha parte, não estou com vontade de ver para não tirar a ótima impressão que tive das primeiras temporadas.
Abraços e até a próxima.

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Só porque criou o mundo pensa que é Deus

Este texto tirei do extinto Blog Pubiloucos e achei muito legal, como sacada e como estrutura criativa.

Só porque criou o mundo pensa que é Deus

Leia este texto no qual Deus é freelancer e criou o mundo por falta de dinheiro.


De: Agência
Para: Deus
Mensagem: Favor criar um mundo.

De: Deus
Para: Agência
Mensagem: Informações insuficientes. Solicito briefing mais detalhado.

De: Agência
Mensagem: O cliente solicitou que o mundo fosse redondo, colorido, que fosse claro durante o dia e escuro pela noite. Pediu muita água nos rios e mares e nenhuma nos desertos. Quer que no verão faça calor e frio no inverno. Quer plantas que cresçam na terra e animais que respirem. Montanhas altas, depressões baixas e planícies planas. O cliente não quer acontecendo ao mesmo tempo chuva e sol, a não ser por ocasião de
casamento de espanhol. Ele pretende fazer uma inserção deste mundo no sistema solar e deixá-lo rodando lá por tempo indeterminado (provavelmente até o próximo "boom").

Obs.: Fizemos o possível para demovê-lo da idéia, mas ele bateu o pé: quer também que tenha gente no mundo.

De: Deus
Mensagem: Ah, essa não! Como é que Eu vou trabalhar deste jeito? Não vai caber
tudo isso. É muita informação para um mundo só. O ideal é fazer um mundo e uma lua para dividir as informações. Além do mais, gente no mundo Nós sabemos que não dá certo. Nós podemos deixar as pessoas na lua e para o mundo a Gente retoma aquela Nossa idéia dos Incas Venusianos.

De: Agência
Mensagem: O cliente aceita a lua, mas só para enfeitar, controlar marés, orientar cortes de cabelo e fazer agendas. Todo o resto ele continua querendo ver dentro do mundo, inclusive gente.

De: Deus
Mensagem: Já estou vendo que este cliente é do tipo buraco negro. Absorve toda a luz que passa por ele.

De: Agência
Mensagem: Também não é assim. É que ele nunca fez um mundo antes. Ele não tem idéia de como toda essa coisa funciona. A gente peita, mas até certo limite. Se ele quer por gente no mundo, é problema dele. Ele está pagando e acha que o ser humano pode dar certo. O que é que se vai fazer?

De: Deus
Mensagem: Tá bom, tá bom! Eu faço o trabalho. Estou cheio de conta pra pagar e não posso me dar ao luxo de dispensar nenhum trabalho.


De: Agência
Mensagem: Ah, graças a Você!

De: Deus
Mensagem: Mas qual é o prazo?

De: Agência
Mensagem: É, este é outro problema. O prazo está estourado. Você só tem 7 dias para criar o mundo.

De: Deus
Mensagem: Impossível! Não dá! Isso aqui não é linha de produção de planetas. Eu preciso de mais prazo. Em 7 dias ninguém consegue fazer um mundo decente.

De: Agência
Mensagem: A questão é que se não estiver pronto daqui há uma semana o cliente vai perder o espaço. Infelizmente não há alternativa. Precisamos faturar. Deixe para ganhar o Globo de Ouro em outros trabalhos. Pode deixar que mais pra frente Você vai poder criar um mundo melhor.

De: Deus
Mensagem: Isso é um absurdo! Um mundo não se cria assim, como quem apaga uma estrela. É um processo delicado, que exige tempo e maturação. Ou a Gente faz como tem que ser feito ou este mundo está perdido.

De: Agência
Mensagem: Você está exagerando. É só um mundo. Coisa besta. Se fosse um sistema solar, uma galáxia vá lá, a gente podia caprichar mais. Mas um mundinho sem-vergonha deste? É querer gastar energia demais numa poeira cósmica.

De: Deus
Mensagem: Bem, lavo as Minhas mãos. Mas quero deixar registrado aqui o Meu protesto. E é bom que não se esqueça mais para frente, que se alguma coisa der errado foi porque, desde o princípio, era o caos. Até Eu duvido que vá sair alguma coisa boa disto.

De: Agência
Mensagem: Você me livre, vira Essa boca pra lá. Se Você quiser, vai dar tudo certo. Aliás, estamos tão confiantes que resolvemos fazer um making off escrito. Você sabe, um livro contando como tudo começou e etc. E é bom Você caprichar, já que vai ficar com todos os créditos. E não esqueça hein? Você só tem 7 dias.

De: Deus
Mensagem: Olha, pra ser franco, esse cliente não merece coisa melhor. Vou matar esse trabalho rapidinho e tirar da frente. Em 6 dias Eu crio o mundo e ainda vou ter um dia pra descansar.

De: Agência
Mensagem: Você é que sabe. Ah, mais uma coisa. Será que já não é bom a gente ir pensando na campanha de manutenção?

De: Deus
Mensagem: Nem quero pensar nisso agora. Se precisar, depois Eu mando Meu filho lá para dar uma olhada.

Henrique Szklo, o Carneiro, é redator publicitário e acredita em Deus. Mas a recíproca não é verdadeira. (Artigo publicado na Revista da Criação em 1995)

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Tropa de Elite e o Anti-herói

Bom dia, pessoal

Outro dia falamos na aula sobre a saga do herói segundo Joseph Campbell. Começamos pela definição de herói - alguém que faz algo além do seus limites, algo extraordinário, em prol de sua comunidade, ou seja, para um bem maior.
Ficou faltando comentarmos sobre a figura do anti-herói, personagem bem mais complexo e que aparece com grande frequência na indústria cultural.
O anti-herói é um tipo de herói sem comprometimento com o bem da comunidade e que não tem, necessariamente, um comprometimento com as leis, e sim com a justiça. Luta pelo que acha justo, mesmo que empregue métodos iguais ou piores que os bandidos que enfrenta, e suas motivações podem ser do tipo egoístas, como vingança, por exemplo.

O anti-herói não luta pelo bem comum, mas acaba fazendo-o por tabela.
Nesta categoria entram personagens conhecidíssimos como Batman, Justiceiro, Indiana Jones, Dirty Harry e o nosso Capitão Nascimento.
Acredito que o anti-herói seja um retrato de nossos dias, o zeingeist de hoje, ou espírito da época. Este tipo de personagem começou a aparecer no final do anos 60, provavelmente motivado pelas mudanças políticas e sociais que o mundo passava: ditaduras, movimentos rebeldes, guerras, protestos, etc. O tipo de personagem heróico maniqueísta, ou seja, o herói puro e virtuoso contra o vilão mal e execrável não convencia mais o público, que via qualidades nos vilões e defeitos nos heróis. 
Vivíamos uma época na qual o mundo não se dividia claramente entre mocinhos e bandidos, inocentes e culpados. O público clama e acolhia uma novo tipo de personagem que fosse mais real, tivesse defeitos e conflitos reais e as diferenças éticas e comportamentais diminuíam. O mundo tornou-se duro e usar de métodos vilanescos para conseguir atingir seus objetivos passou a ser aceitável: violência desmedida, tortura, chantagem, etc, ... Os fins justificavam os meios.
Essa tendência se acentuou, a máscara da inocência caiu para personagens e público, e prevalece até hoje.
Claro que ainda há espaço para os heróis clássicos, mas ficaram relegados ao público infantil, que mesmo hoje também experimenta seus anti-heróis, como o ogro Shrek.
E onde o Capitão Nascimento se encaixa nisso?
O mote do roteiro de Tropa de Elite 1 e 2 é a violência urbana, que não conhece limites e assola cada vez mais a população. Assassinatos, roubos, extorsão, drogas, sequestros, são problemas corriqueiros e presentes no cotidiano de quase todas as cidades brasileiras, principalmente as grandes. Do outro lado, as autoridades hesitam, temerosas de tomar atitudes enérgicas em prol de interesses políticos e econômicos (não necessariamente éticos).
O pano de fundo dos filmes é o retrato da sociedade brasileira.
A era de galmourização do bandido e das justificativas sociais, que dominou o cinema nos anos 70 e 80, passou. O cidadão comum comum está cansado e anseia por alguém que resolva o problema de forma definitiva, mesmo que violenta.
Como um exterminador de insetos, surge a figura do Capitão Roberto Nascimento, capitão do BOPE, grupo de elite da polícia carioca (cenário perfeito por simbolizar a violência urbana no Brasil) cuja meta é acabar com o crime, seja pela forma que for.
É fácil ver o efeito catártico que este personagem exerce no inconsciente do público. É o leão que comerá os bandidos na arena da vida.
Por isso, que um personagem paranóico, violento, agressivo, que usa tortura como ferramenta de trabalho, se torna a personificação dos anseios de um povo cansado de ser vítima, mas que tem medo de admitir o anseio pelo sangue.
Nascimento incorpora tudo o que gostaríamos de ver e, talvez, fazer. A melhor cena de Tropa 2 é quando ele enquadra e espanca violentamente um político corrupto responsável pelo crime que tomava o Rio. Quem não sonhou em fazer, ou ver alguém fazer, isso com os corruptos do notíciario?
Os anti-heróis são frutos do caos que tomou a sociedade pela falta de perspectiva frente aos conflitos sociais que crescem  vertiginosamente  ante as soluções empregadas, geralmente paliativas e ineficientes.
Seríamos todos mais felizes se vívessemos em um país no qual um personagem como Capitão Nascimento não fosse adorado.
Nossa sociedade seria bem melhor e não precisaria deste tipo de personagem.
Abraços

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

SOBRE ESCREVER ROTEIRO

Esta é um contribuição do ex-aluno de Roteiro, Lincoln Péricles.

1. INT. APRESENTAÇÃO - NOITE
LINCOLN PÉRICLES, jovem de 20 anos e com violentas olheiras. Entra no quarto bagunçado, senta-se na cadeirinha velha em frente ao computador. Ele afasta os DVDs da cama e pega uma bala 7belo que se perdia ali no meio da bagunça, abre o plástico e joga a balinha na boca. Ele liga o computador. Enquanto espera o Windows iniciar, mastiga sua bala violentamente até ela se dissolver completamente em sua boca. Ela se dissolve antes que o seu meigo papel de parede apareça (O Papel de parede é uma cena do filme “O Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças”). Ele abre o Word e começa a esboçar algumas palavras:
                “SOBRE ESCREVER ROTEIRO
                   1. “INT”. “APRESENTAÇÃO – NOITE...”
Ofereci-me ao professor Mancuso para escrever nesse blog, achei a idéia legal, afinal já fui aluno dele e atualmente escrevo roteiros profissionalmente.
Vai, a idéia é boa, num é?
De inicio, vou dizer que a missão do Mancuso é dura. É IMPOSSÍVEL dar uma geral em “como escrever roteiro” em apenas um semestre, com uma aula por semana. E o Mancuso não é o Tom Cruise.
Escrever roteiro é um cálculo detalhista, é o processo de virar Deus e estar onisciente, onipresente e onipotente. É um estudo. Um PUTA estudo.
Todo mundo pode escrever roteiro. Ser bom no que faz é outra história.
Ouso dizer que roteirizar é como cozinhar, tem um livro de receitas e pimba, num segundo você é o rei do mundo, O Mestre Cuca, mas quando serve a comida e daí? Cadê “aquela coisa”? ... Todos comeram (leram), legal, ok, mas... tá só ok.
Treinar a escrita é imprescindível, mostrar pros outros, saber ouvir opiniões, saber filtrar as opiniões, ter consciência das coisas que escreve e total controle sobre o que quer dizer, o que quer mostrar, isso tudo é de uma importância inimaginável, é como um exercício muscular, é ter paciência, acho que nunca ninguém na vida ouviu isso o que eu vou dizer: Ninguém nasceu sabendo.
       2. INT. FINAL- NOITE
Lincoln ouve estranhamente um SOM DE BATERIA, como naqueles shows de comédia quando alguém faz uma piada sem graça.
Bom, espero ter dado uma pequena clareza na parte mais técnica (parruda) de escrever roteiro, se rolar eu escrevo mais vezes aqui, prometo mais devaneios e ser menos chato do que dessa vez (prometo nada), e a vocês gênios, artistas, românticos: legal. J
Quem quiser dizer, perguntar alguma coisa me encontra por aqui:
Orkut: É coisa de pobre.
Tchau. Até a próxima!

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Simplesmente complicado! - Critíca do filme! (contém spoilers)




Olá, pessoal.
Neste clima de feriadão, peguei uma filme para assistir com minha esposa, que a princípio parecia mais uma comédia água-com-açúcar típica de Hollywood, porém demonstrou ser um filme sensacional com ótimas sacadas para nossas aulas de roteiro.
O filme em questão se chama Simplesmente complicado (It's Complicated, EUA, 2010), com roteiro e direção de Nancy Meyers e estrelado por Alec Baldwin, Meryl Streep e Steve Martin.
Abaixo a sinopse, copiada do site www.adorocinema.com.br :
"Jane (Meryl Streep) é mãe de três filhos e mantém uma relação amigável com Jake (Alec Baldwin), seu ex-marido, de quem se separou há dez anos. Quando eles se encontram para a formatura de um dos filhos, fora da cidade, surge um clima e eles passam a ter um caso. Só que Jake é agora casado com Agness (Lake Bell), o que faz com que Jane torne-se sua amante. Paralelamente, Adam (Steve Martin) entra na vida de Jane. Ele é um arquiteto contratado para remodelar a casa de Jane e, aos poucos, se apaixona por ela."
Analisando o roteiro deste filme, conseguimos linkar vários pontos discutidos em aula.
Antes de continuar, volto a advertir que abordarei pontos do filme e entregarei o final, por isso, se não quiser "estragar" a surpresa, veja primeiro e leia depois...rerererere.
Vamos lá:
Ideia - O filme aborda os temas divórcio e relacionamentos. Gira em torno de mostrar alguns caminhos quando se acaba um casamento, consequencias e envolvimentos de um relacionamento e a influência destes acontecimentos sobre os filhos. As ideias são discutidas de forma sutil, ao longo do filme, sem querer "doutrinar" o expectador traçando juízos de valor. Mas com certeza te faz refletir, tanto se passou por isso ou não.

Personagens - O ponto alto do filme são os personagens. Muito bem construídos e que apresentam um evolução natural diante dos conflitos que aparecem em suas vidas. Com certeza, a direção precisa de Nancy Meyers bem como a excelente escolha de elenco ajuda muito. Vamos analisar os personagens principais e como eles evoluem durante o filme.
  • Jane Adler (Meryl Streep) - Jane é uma mulher divorciada há dez anos que busca superar o desgaste e os traumas de seu divórcio além da partida dos filhos que saem de casa para viverem suas vidas. Ela se sente solitária, mas quer sair dessa situação, buscando um novo amor. Em compensação, após o divórcio, conseguiu reconstruir sua vida abrindo um negócio próspero, combinar encontros com as amigas, cuidando de casa e do corpo e sendo uma mulher bastante ativa. Porém, novamente, sente falta de um companheiro para preencher sua vida. Quando se envolve, por impulso, com seu ex-marido infiel e novamente casado, Jake Adler (Alec Baldwin) que parece nunca te-la esquecido, vive uma experiência nova ao ver-se no papel de amante e comandando a situação. Isso a faz soltar-se mais, sentido o gosto proibido (ela chegar a fumar maconha na festa de formatura do filho), nos encontros escondidos, transas inusitadas e ter certo poder sobre Jake, e talvez uma certa vingança contra a mulher mais jovem que lhe roubou o marido. Com o tempo, Jane entende que ela mudou e que ser amante, ter encontros desmacardos por que a esposa mudou de planos, poder ver seu homem apenas quando este consegue alguma desculpa, etc. é muito pouco, e talvez até um atraso de vida. Ela se dá conta que mudou bastante, que evoluiu e superou o divórcio, e que hoje deseja mais, representado no amor que começa a brotar entre ela e o sensível arquiteto Adan (Steve Martin). Por isso, no fim opta por um novo amor do que ficar com seu ex-marido.
  • Jake Adler - Jake é uma homem bastante charmoso e sedutor. Trocou sua mulher Jane por uma moça bem mais nova e bonita, Agness, que era sua amante e tornou-se sua esposa. Após dez anos, ainda gosta de sua ex-esposa e , quando seu casamento atual cai numa rotina que lhe inflige todo tipo de pressões (cuidar do enteado, fruto de um caso extra conjugal da esposa, de 5 anos, ter de trabalhar cada vez mais para dar o sustento a esposa e participar de um programa de fertilização artificial para ter outro filho), se sente novamente atraído pela "nova" Jane. Após um jantar no hotel que estão para a formatura do filho mais novo, Jack e Jane trasam e iniciam um caso. Para Jake, é reviver os bons tempos, encontrar um novo estímulo diante do tédio que se tornou seu casamento. Ele insite em achar-se irresistível e dono da situação (no que Jane o ajuda no início). Contudo, ao se deparar com Adam, o arquiteto que se encanta por Jane, fica enciumado e sente a ameaça, tentando menospreza-lo. Mas Adam ganha terreno assim mesmo pois tem a oferecer mais do que Jake. Jake, na verdade, repete os mesmos comportamentos de quando era marido de Jane e a traiu com Agness. Ele, no fundo, é um homem inseguro que tenta se auto afirmar pelas conquistas amorosas. Outro aspecto, é que Jake quer retomar a vida que tinha, junto da ex-esposa e dos filhos, mas deprime-se quando nota não fazer mais parte deste círculo pela vida que optou ter. Quando perde para Adam, o escolhido de Jane, fica arrasado, ainda mais porque sua atual descobre seu romance o põe pra fora. Desesperado, vai para casa de Jane usando chantagem emocional e faz uma última e desesperada tentativa, no momento mais cômico
  • Adam (Steve Martin) - Adam é um personagem chave na história, pois, assim como Jane, foi traído e abandonado em seu casamento e luta para superar o divórcio. É um homem atencioso, gentil e sensível diferente de Jake que tenta demostrar sua macheza em qualquer oportunidade. Se interessa bastante por Jane, buscando conquista-la, mas sempre com muita insegurança devido aos traumas anteriores. Quando se vê perto de seu objetivo, descobre que Jane teve um caso com Jake. Compreensivo, não a julga, mas se afasta para que esta decida o que quer fazer de sua vida. Jane opta pelo novo relacionamento com Adam, uma vida nova mais de acordo com sua evolução e no final eles acabam juntos.
A relação entre os personagens principais é bem fluída e bem construída ao longo do roteiro conseguindo apresentar todos os pontos que a escritora se propõe a abordar. O roteiro, alias, é muito bem construído, com um conflito claro e reviravoltas leves que não desnorteiam o expectador, chegando a uma resolução plausível, mas nem por isso óbvia.
O filme também alterna momentos de humor com momentos dramáticos em um contraponto extremamente afinado. A cena de preparação do clímax é hilária, engraçadíssima, capturando o público para a dramaticidade do clímax.
Outro destaque, é o andamento do filme que apresenta os personagens e conflitos com grande maestria e sutileza, sem ser didático ou forçado. Reparem que os 20 minutos inicias apresenta totalmente os personagens principais e você começa a entender a história que irá se desenrolar daí então.
Finalizando, são duas horas bastante agradavéis e um excelente exemplo de roteiro, referência já obrigatória para quem quer aprender a escrever.
abraços

domingo, 5 de setembro de 2010

Outro exemplo de ideia em publicidade

Pessoal, segue uma contribuição do Mario Celso (Paraiso) sobre ideia e trama em uma comercial de TV da folha. O comercial é bastante inteligente na concepção e apela para o humor para levar a mensagem.
Comentem !
abs

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Filme Deixa Ela entrar

Segue a ficha do filme:


Deixa Ela Entrar    (2008)
Låt den rätte komma in ou Let the Right One In
Direção: Tomas Alfredson
Roteiro: John Ajvide Lindqvist
Elenco: Kåre Hedebrant (Oskar), Lina Leandersson (Eli)

Sinopse: Oskar tem 12 anos e é um garoto ansioso e frágil, constantemente provocado pelos colegas de classe. Com a chegada de Eli, uma garota séria e pálida da mesma idade, que se muda para a vizinhança com o pai, Oskar ganha uma amiga. Quando a cidade começa a ser assombrada por uma série de assassinatos e desaparecimentos inexplicáveis, o menino, fascinado por histórias horripilantes, não demora a perceber que a amiga é vampira. Os dois acabam se apaixonando e a vampira lhe dá a coragem para lutar contra seus agressores.
Aqui seguem os links para as criticas indicadas:
Pablo Vilaça e Hollywoodiano 
ABS