quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Após a mudança de roteiro, o verdadeiro caminho rumo ao fim

Olá. pessoal.
Quem me conhecesse sabe que sou fã de carteirinha da série Supernatural, a série de terror que gira em torno dos irmãos Dean (Jensen Ackles) e Sam Winchester (Jared Padalecki ).
Acompanhei as primeiras 5 temporadas (segundo o produtor e criador Eric Kripke, o planejado desde o ínicio) nas quais vimos diversas reviravoltas, mortes e ressurreições, idas e vindas ao inferno, monstros dos mais variados tipos e, no final, até um complô de anjos. Elementos mais que suficientes para que está série fosse uma das coisas mais bizarras e rídiculas da TV, digno de um Scooby-doo.
Entretanto, o que vimos foi uma série extremamente bem planejada e conduzida apoiada em um plot familiar complexo e atual.

Hah, engana-se quem pensa que está série fala de demônios e anjos ou sobre o fim do mundo. Não, ela  fala sobre a relação de dois irmãos que cresceram sem a mãe e com um pai militarmente severo e obsecado por vingança, buscando o mesmo que todo mundo: um sentido a sua existência.
Este modo de encarar a série faz com que ela tenha sentido em sua totalidade (as primeiras 5 temporadas) e tendo seu apíce na quinta e última temporada, no qual o drama do juízo final resume-se ao conflito de dois irmãos (Lúcifer e Miguel) sem mãe e filhos de uma pai severo e ausente (Deus??) e que encontra perfeita sintonia no drama dos Winchester. Algo como uma sincronia irônica da vida, mas que não deixa a série piegas ou chata.
O episódio de fechamento da quinta temporada, iniciado a partir da história do carro, um dos principais coadjuvantes da série, está, na minha opinião, entre os melhores episódios de série que vi até hoje.
Contudo, como nem tudo são flores, os executivos da Warner, excitados pelo sucesso, resolveram fazer uma sexta-temporada...

Vejam bem, a quinta temporada fecha com Sam indo para o inferno, levando junto Lúcifer, e Dean abandonando as caçadas e indo viver com Lisa - isso se você interromper faltando 3 minutos para o final.
A pedido (ou ordem?) da Warner, Eric Kripke alterou alguns "detalhes" do roteiro da quinta temporada como forma de criar ganchos para a continuação, saindo do projeto logo após o término de sua história inicial.
Na sexta temporada, á com uma nova equipe e sem Eric, passou-se um ano e Sam está de volta do inferno (ninguém sabe como), junto com o avô e alguns parentes desconhecidos, todos mortos. Eles continuam caçando e acabam convencendo o desconfiado Dean a juntar-se a eles. No terceiro episódio, Castiel retorna também denunciando uma conspiração angelical (isso mesmo que você leu) liderada por Rafael para... adivinhem só: trazer o fim do mundo, o Apocalipse. Assim, resta aos dois irmãos resolverem a situação e, no meio tempo, caçar diversas assombrações.
A premissa não é exatamente nova e a série nunca se destacou pela originalidade (quem conhece histórias de monstros, vampiros, demônios e anjos está careca de ver essas conspirações biblicas) mas o fato que, após assistir os primeiros episódios, tive a nítida impressão que algo fundamental parecia ter ser perdido: a quimica entre os irmãos Winchester o plot familiar que sempre marcou a série.
Após cinco temporadas, tendo se passado um ano de uma temporada a outra, os personagens parecem não ter mudado em nada. Dean continua infeliz, desconfiado, depresivo e sarcástico, enquanto Sam continua impulsivo e ambiguo. Temos as mesmas discussões e as mesmas incertezas marcam os personagens, de modo que soem caricatas e forçadas após tanto repertir-se. Um ano como pai de família, como um cidadão comum não mudaram em nada Dean? Nem o modo de se vestir? E Sam? E Bobby (Jim Beaver), com o mesmo boné, a mesma jaqueta sem mangas e a mesma barba grisalha?
Os problemas que parecem surgir nesta nova temporada de Supernatural é um clássico caso de roteiristas que assumem um projeto já estabelecido e que não entendem a dinâmica, o conceito criativo dos personagens e da série em sua macro estrutura. Pegam o perfil inicial do personagem e  repetem em histórias e mais histórias, desconsiderando que os personagens, como qualquer ser humano, podem mudar (em hábitos, convicções, jeitos, etc).

É a mesma sindrôme que afeta as HQs americanas cujos personagens pouco evoluem e ficam presos sempre aos mesmo conflitos, em histórias repetitivas e cansativas.
Pegar um personagem clássico e revitaliza-lo, remodela-lo ou simplesmente criar uma no epopéia para ele é um tarefa delicada, algo que pede que se comece do zero no processo criativo, pensando na idéia, na trama e, principalmente no personagem. A sexta temporada pega os irmãos após um ano do quase Apocalipse, no qual um virou um senhor de família e outro voltou do Inferno (levando o próprio capeta). Não dá para simplesmente pegar as velhas jaquetas, as velhas armas, o diário e emblemático Chevrolet Impala 1957 e voltar ao modelo inicial, o que se justifica quase sempre como "pegamos aquilo que os fãs gostam".
Me chamem de chato ou ranzinza, mas acho que agora o fim do mundo finalmente leva os irmãos. Da minha parte, não estou com vontade de ver para não tirar a ótima impressão que tive das primeiras temporadas.
Abraços e até a próxima.

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